Vem ganhando espaço, ano a ano, dentro das escolas do Ensino Fundamental e Médio, bem como em faculdades, o que se chama de Turismo Pedagógico, ou Turismo Educacional. Trata-se de atividades didático-pedagógicas que acontecem fora do ambiente escolar, tendo como princípios norteadores o conhecimento, a vivência, a convivência, o respeito, o aprendizado e o lazer.
Segundo o artigo “Turismo Pedagógico: ressignificando a aprendizagem” publicado na Revista Brasileira de Ecoturismo, “O Turismo Pedagógico como método inovador, dinâmico e interdisciplinar no processo de ensino-aprendizagem, proporciona momentos de lazer e educação. Ele aproxima o aluno do meio, busca proporcionar uma experiência consolidadora de valores e transformadora de si, catalisadora de saberes.”
Tornar tangível a teoria
Esse modelo sempre foi eficiente como forma de incrementar o aprendizado do conteúdo pedagógico oferecido dentro das salas de aulas, ao tangibilizar conceitos teóricos e utilizar todos os cinco sentidos dos alunos no processo de aprendizagem. Se há pessoas mais visuais, outras mais sinestésicas, outras sonoras, a experiência, especialmente em ambiente natural, atende plenamente a todos, sem distinção.
Vai muito além das práticas em laboratórios, igualmente importantes no processo educacional, porém limitadas quanto à riqueza do “todo” que envolve o assunto.
Hoje, entendendo uma geração que tem menor capacidade de se concentrar por período prolongado em um mesmo ambiente, o turismo pedagógico se apresenta como opção inteligente para fixação de conteúdo com envolvimento dos alunos.
Turismo pedagógico em ambiente natural
Na Agro Jasmim, por exemplo, é possível atender a necessidades pedagógicas e cognitivas de alunos dos Ensinos Fundamentais, Médio e Superior, aliando conhecimentos de ecologia, biologia, química e física, dependendo do que a turma está estudando (ou já estudou) em sala de aula.
A experiência de verem o que é um destilador de óleos essenciais e como funciona, ajudar a montá-lo e acompanhar seu funcionamento, é algo que encanta pessoas dos 5 aos 100 anos de idade – só depende do jeito como a explicação é construída. Andar pela Mata Atlântica e ver de perto líquens, bromélias, sentir a diferença de temperatura e umidade do ar, as espécies que ficam nas bordas da mata em regeneração e entender os porquês de tudo isso; ou saber quantas famílias podem depender das águas que nascem em uma propriedade rural e, por isso, a importância da sua conservação, são momentos ricos que ficam marcados por uma vida.
No caso de turismo em ambientes regenerativos ou ao ar livre, o uso da técnica da Escola Peripatética criada pelos seguidores de Aristóteles, que ensinavam ao ar livre enquanto caminhavam ou ficavam sentados na grama, traz outro nível de apreensão do conteúdo e capacidade de análise crítica. Até porque, se queremos estimular a criatividade e as capacidades cognitivas, como diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel,“Se a imaginação depende dos sentidos e os sentidos, de experiência, então a imaginação depende da experiência. Quanto mais ricas em variedade forem nossas experiências sensoriais, mais elementos teremos para combinar de maneiras inusitadas e criativas.”
É um dia diferente, divertido e único. Sem perder o foco no conteúdo pedagógico e processo de aprendizagem.
Contornando desafios
Sabemos que é uma elevada responsabilidade para as escolas tirarem os estudantes de sua estrutura física e os levarem em uma viagem, que seja de um dia, em ambiente estranho ao dia a dia da instituição. Mas, a boa comunicação com os pais e responsáveis, além do apoio de agências de turismo especializadas, tornam o processo organizado e seguro. Até porque, crianças e adolescentes fora de seus ambientes rotineiros, podem se comportar de forma mais tranquila.
Já recebemos grupos de crianças do 1º ano do Ensino Fundamental, com 6 e 7 anos de idade, e foi possível manter a organização e segurança, garantindo a todos o acesso ao conhecimento e às experiências. Em alguns momentos, o uso da imaginação e do lúdico, como a criação de uma linha mágica com um pó invisível, foi recurso útil. Alguns deles garantem que viram o Saci e ouviram seu assobio no Bosque das Melaleucas!
Enfim, profissionais que atuam na direção e coordenação de escolas, bem como agentes de turismo especializados têm em mãos uma rica oportunidade de aprimorar o processo de aprendizado do conteúdo programático, mas também de habilidades socioemocionais, capacidades cognitivas, convivência em sociedade e conhecimento de realidades diferentes de seu entorno dessa nova geração.